quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Colchão de Noiva Forever

Se alguém um dia me convidar para uma festa de família e não houver Colchão de Noiva, eu deserto ! Esta receita é o pilar da minha família, esteve sempre lá e lá sempre estará !
Mas é também uma armadilha, muitas vezes não fica bem. Há sempre vários bodes expiatórios, as marcas das matérias primas, o tempo que ficou a bater, a dissolução da gelatina (que às vezes é em folha), o tempo de repouso... e há também várias soluções e variantes. Pode ser apresentada nature (a que eu prefiro e que é como está na foto), ou em forma de gelado, ou em forma de tarte, ou ainda se falharmos completamente em forma de creme (a preferida do meu pai).

Para começar põe-se de véspera 1 lata de leite condensado e 1/2 litro de natas
no frigorífico.
Dorme-se.
1 colher de sopa bem cheia de gelatina em pó incolor

Batem-se as natas até ficarem em creme (10 minutos mais ou menos). Põem-se num pirex e vão para o frigorífico refrescar as ideias. Bate-se o leite condensado até ficar esbranquiçado (outros 10 min. more or less). Desfaz-se a gelatina em 1/2 chávena de água a escaldar, deixa-se esfriar. Junta-se as natas frias ao leite condensado batido. Envolver as natas com colher de pau com cuidado. Aqui as mais sérias dizem 4 vezes baixinho "Tomara que fique bom".
Num pirex deita-se metade desta mistura.
Tritura-se 1/2 pacote de bolachas Maria. Coloca-se metade em cima, põe-se por cima o resto da mistura e por fim outra camadade bolacha. Vai ao frigorífico para solidificar.
Cá em casa fazemos de manhãzinha para servir ao jantar por causa das coisas.

Nota de rodapé : Quem fez o Colchão de Noiva da foto foi a minha tia N. E este estava óptimo!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Bolo de Nozes (e de Vozes) da Céu


A Céu é na verdade Maria do Céu, mas ela detesta o seu nome, demasiado católico para o seu gosto de mulher prática e terra-à-terra. Estou feita se ela sabe que eu tornei isto público, mas a minha integridade de bloguista a isto me obriga. A Céu é também a minha mãe.
Antes de começarmos tivémos direito ao sketch "Nozes/Nós" do costume:
Céu - Vamos fazer o bolo de Nozes?
Julia - De nos? É meu também?
Sim, a minha filha adora revisitar os clássicos.

250 gr de açucar
250 gr de
Nozes (já descascadas, of course! Quebra Nozes para a minha mãe é Tchaikovsy)
Não esquecer de deixar umas 10 nozes inteiras para enfeitar
6 ovos
2 colheres de sopa de farinha (das que já têm fermento, actualmente são quase todas)

Aquece-se o forno a 180 graus. Bate-se em castelo as claras primeiro. E ficam à espera. Isto faz com que a minha mãe não tenha que lavar as pás da batedeira. Rala-se as nozes (à máquina, claro!) e misturam-se à farinha. Bate-se as gemas com o açucar e depois juntam-se as nozes e a farinha. No fim adiciona-se as claras com uma colher de pau. Tudo isto vai para o forno num tabuleiro untado de manteiga. Depois de cozido, desenforma-se sobre um pano e corta-se ao meio de maneira a ficarem duas partes iguais e barra-se com o molho.


Recheio :
1 tablette de chocolate para mousse
250 gr de natas
Tudo para dentro de um tachinho e aquece-se até que o chocolate derreta, mistura-se e já está !

Esta receita foi, muito provavelmente, copiada de um livro ou arrancada a alguém, mas tão adaptada e simplificada pela minha mãe (que tem uma capacidade de síntese do melhor e do pior que há) que qualquer semelhança entre esta receita e a original é pura coincidência.
Se não tens tempo a perder com lamechices, esta receita é para ti.

Créditos: A minha filha Julia, que tem 3 anos, e que se pela por estas coisas, ajudou a avó a fazer o bolo e a "lavar" os utensílios - ficou tudo lambidinho, que é uma riqueza!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A minha avó Ai e as filhós



Quando chegámos à casa da vovó Ai ela estava ao telefone a falar com o meu tio, que também anda a querer sacar a receita das filhós. Andamos todos ao mesmo. Sinto que estou no bom caminho.

"Vamos lá ver se eu ainda me lembro..." diz a minha avó quando nos preparamos para atacar. Isto começa bem... Bom, aqui vamos nós - a minha avó lança-se com segurança! Eu sigo-a de mansinho, estou a pisar terra desconhecida, não tenho medo, mas apreendo...

500 gr farinha com um poucachinho de sal
1 ovo
2 colheres de sopa de bom azeite (a minha avó insiste sobre o "bom" azeite)
1 cálice de aguardente
2 laranjas grandes espremidas à mão

Bate-se tudo primeiro à máquina e no fim a minha avó gosta de bater só um bocadinho mais. Fica melhor !

Agora a minha avó lava a loiça. Cada vez que é a batedeira eléctrica a trabalhar, ela lava os utensílios que usou para trabalhar, a cozinha deve estar sempre limpinha. Começo a perceber porque é que as receitas quando vão para as minhas mãos não dão os resultados pretendidos...

A massa ainda está muito mole. Então, toca de pôr mais 3 mãos cheias de farinha.

E eu a pensar que se seguia a receita e pronto. A minha avó sempre soube esta receita e nunca a escreveu. A cada vez que a faz adapta as quantidades, conforme a massa vai ficando. É tudo uma questão de feeling... Acho que eu nunca vou compreender... Simplesmente tenho o meu instinto básico de cozinhar amarfanhado. Ou se calhar não, os pré-históricos, que era quem tinha esta coisa dos instintos mais desenvolvida, não comiam tudo cru e sem tempero?
Portanto, esta é a regra essencial. Temos que estar atentos. Temos que "ouvir" a massa. Ela tem que estar pronta. Compacta.
A minha avó agora parece satisfeita com a textura da massa, quando levanta a batedeira, a massa vai colada às pás, isto deve ser um bom sinal.

A minha avó colocou a massa na mesa, amassou-a, lançou-a ao ar, atirou-a à bancada.
Acho que é agora que começa a acção. A massa aparentemente faz parte dos maus e a minha avó está claramente a dominar a situação. Começo a desconfiar que ela tem umas noções de Kung Fu. Eu estou a gostar bastante disto tudo. Peço para participar. Adoro cozinhar, afinal !

Agora a massa está molinha, já não pega na banca. Ah, não esquecer de pôr farinha na bancada de vez em quando, pelo menos enquanto ela pega.
Se no final desta operação há farinha no chão e nos vossos cabelos (e em tudo o que mexe, ou não e que está à volta) é porque estão a executá-la com sucesso.

A massa agora tem que repousar.
Ainda por cima a minha avó é misericordiosa, grande avó, santa avó.
Vamos almoçar.

Estender a massa. Fininha.

Nota de rodapé, que a minha avó introduziu agora : Quem a ensinou a cozinhar foi a Titicas (não conheço), que era amiga da família e excelente cozinheira. A mãe da minha avó morreu cedo e não teve tempo de iniciar a minha avó nestas artes, de modos que a "nossa" Aidinha ia para a cozinha da Titicas, com a sua amiga Dudu para aprender e ajudar. Obrigada Titicas !

Depois temos que cortar.
Ver na foto como. Eu nunca aceitaria comer filhós que não tivessem estas formas !

Na panela de óleo a arder põe-se duas, no máximo três filhós de cada vez, vira-se e tira-se do óleo quando estiverem douradas.

Quanto ao molho, água e açucar em calda. Há quem ponha canela, mas a minha avó não, decidiu pôr desta vez raspas de casca de limão.
Eu dir-vos-ia bom proveito aqui, mas não seria apropriado, porque estas são para mim !

Bom Natal!
E não liguem às calorias, quem gosta de nós a sério, também gosta de nós com 4 quilos a mais !