domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quero Mais



Este bolo vem-me à cabeça, automaticamente, sempre que ouço a palavra tentação, algures entre o Gaël Garcia Bernal e uma volta ao mundo de saco às costas. A minha prima Rita e eu somos fãs incondicionais e pediamos sempre à minha Avó Ai para o fazer, até que soubemos que dava um trabalhão...

Ontem de manhã, depois de uma noitada que me tirou a voz, rumei à casa da minha avó para aprender a fazê-lo. O pior é que eu tenho tão má fama aqui em casa que ninguém acreditou que eu estava realmente implicada na confecção do dito.

A receita foi tirada de um livro que a minha avó comprou a umas brasileiras quando ainda estava em Lourenço Marques e acrescentou a sua marca inconfundível para as minhas papilas gustativas.

Ora aqui vai, tomem nota, que eu vou escrever isto só uma vez (referência à série de culto "Allô, allô !") e na terceira pessoa que neste livro não se dá confiança.


Ingredientes :
6 ovos
250 gr açucar
100 gr fécula de batata
100 gr farinha de trigo
1 colher de chá de fermento inglês (calculo que na nossa época podemos usar de outro país)

Modo de fazer :
Bata as claras em neve, junte as gemas e continue a bater até ficar uma mistura clara e espumosa. Adicione o açucar e continue a bater. Adicione aos poucos alternadamente a farinha e a fécula de batata. Acrescente o fermento. Use forma redonda e forno quente.

Recheio (e aqui é que a minha avó complica e ajusta) :
Aqueça 2 copos de leite, 1 chávena (de chá) de açucar, 1 gema, 2 colheres (de sopa) de maizena, 2 gotas de baunilha e vá mexendo até ficar um creme espesso. Tire do forno e quando estiver morna, acrescente aos poucos e mexendo sempre 200 gr de manteiga já mole. No livro diz "até ficar boa liga".
Parta o bolo já frio em três na horizontal, aplique doce de ananás e depois o creme que acabei de explicar como se faz. Armado o bolo, cubra-o com o creme restante e salpique-o com o seguinte caramelo : 2 chávenas (de chá) de açucar, 1 chávena (chá) de amendoim torrado e moído. Queime o açucar com uma colher (chá) de água, junte o amendoim e misture bem. Despeje no mármore untado (no livro partem do princípio que todas as cozinhas têm mármore, como a da minha avó tem, não há problema, para quem não tenha ... ups! só agora é que aviso...), deixe esfriar e triture com um rolo. Espalhe sobre a cobertura de creme e ponha no frigorífico.
A minha avó levou com ela mais caramelo para acrescentar à hora de servir. Ela pensa em tudo !

Doce de ananás :
Pesa-se o ananás de uma lata de conserva, já sem o sumo, bien sûr e usa-se a mesma quantidade de açucar. Vai ao lume, sempre a mexer até fazer estradinhas.

E pronto, aqui está um bolo que tem pelo menos umas 3 receitas. Mas cada uma delas vale a pena.
Vó, quero mais !

3 comentários:

  1. Bom, muito bom que deve ser!...
    a história fez-me lembrar qdo eu disse q queria aprender a fazer as rabanadas com a I. (empregada dos meus pais), e ninguém acreditou, incluindo ela, que eu ia estar em casa dos meus pais às 8h00 de um dia 24 de Dezembro. Mas fui! Ah valente!...
    Babette

    ResponderEliminar
  2. Parece ser um bolo formidável e cheio de histórias...
    Obrigada pela partilha.
    Um beijinho.

    ResponderEliminar
  3. Este bolo é uma autêntica tentação, mal posso esperar por ir de férias para a terra dos meus pais para ter tempo e paciência para a fazer...

    ResponderEliminar