sábado, 9 de janeiro de 2010

Julia's Water Cake

Esta receita já vem emprestada de algumas gerações na família e é utilizada de cada vez que há um mínimo(a) que quer "ajudar".

Como estamos na altura da festa dos Reis e já estamos com 3 kgs a mais por causa do Bolo Rei de Portugal e da Galette des Rois francesa, reciclamos o famoso Bolo de água, fazemos uma coroa e colocamos uma fava. Como não temos favas à mãos, fomos buscar uma pedra ao nosso jardim japonês. Agora que penso nisto, este bolo também se poderia chamar Bolo da Pedra, ou Stone Cake... mas não quero ter problemas com a polícia. Legalize it! Legalize it!

Este bolo é tão básico, que estava para só postar uma foto e vocês viam logo como chegar ao fim.

E é tão fácil, tão fácil, que vou mais uma vez telefonar à minha mãe para confirmar que estou a fazer tudo bem. E eis a receita :

Batem-se 3 claras em castelo. E à parte mistura-se 1 chávena de açucar com 3 gemas de ovo, depois junta-se 3 colheres das de sopa de H²O e 1 chávena de farinha. Envolvem-se as claras. Vai 20 min. ao forno a 180°.

Desta vez, foi a Julia (3 anos) que fez, sabe-se logo porque se ouve a cada 2 minutos "posso lamber?" "posso pôr o dedo?" "posso experimentar?" "posso ver se está bom?" Um outro sintoma, também típico, da cozinha da Julia e que é também auditivo : Vamos ouvir crack, crack durante uns 2 ou 3 dias - é o açucar que se espalhou pelo chão todo da casa.

Agora só resta saber quem vai partir os dentes quando encontrar a "fava" stoned.

E porque este blog também é cultural e sociológico e antropológico e mesmo muito rico e interessante, eis a tradição aqui por terras francesas : o mais novo vai para baixo da mesa e diz quem é que fica com a próxima fatia de bolo e é o mais velho que corta. Basicamente isto permite que se escolha a fatia, e é sempre o mais pequeno que milagrosamente ganha. Se ele acredita ainda no Pai Natal, em princípio também engole esta. Quem encontra a fava fica com a coroa e é o rei ou a rainha e pode escolher a sua rainha ou rei. Para um país que cortou a cabeça da Maria Antonieta e de uma boa parte da realeza, esta tradição é no mínimo surpreendente. Ao menos em Portugal pagamos outro bolo. Coisa que, agora que penso, nunca vi cumprido e verificado - "Pois, eu depois pago para o ano ..."

Para quem não estava atento, note-se que neste post eu pensei por 2 vezes.

1 comentário: